Opening: The Thing

No there's something out there, ao longo das últimas semanas,  foram várias as referências que foram feitas  a John Carpenter e ao giallo. Por volta de 1982, John Carpenter convidou Ennio Morricone, um dos mais importantes compositores de bandas sonoras do giallo, para escrever música para o filme The Thing (Veio do Outro Mundo, 1982), uma revisão do clássico The Thing from Another World (1951) de  Howard Hawks/Christian Nyby. O portentoso filme de Carpenter mantém-se como um dos melhores filmes de terror/ficção cientifica de sempre e nos seus efeitos especiais continuamos a não ver qualquer marca do tempo. Com os executivos de Hollywood lançados numa interminável vaga de remakes dos clássicos das décadas de 1970 e 1980, era inevitável que um dia chegasse a vez deste filme de John Carpenter. Aconteceu no ano passado, com o lançamento de uma prequela. De notar que, os seus efeitos especiais, desenhados a computador, não deixam de ser patéticos quando comparados com os do filme de Carpenter, onde foram trabalhados de uma forma bem mais artesanal. No clipe que mostramos a seguir, recuperamos a abertura de The Thing de 1982. //


The Thing (John Carpenter, 1982)

Penumbra


Penumbra (Adrián García Bogliano, Ramiro García Bogliano, 2011)















Penumbra (Adrián García Bogliano, Ramiro García Bogliano, 2011) pode não ser uma obra-prima mas é exemplar a vários níveis. Trata-se de um filme de ilusões e equívocos, tanto para as personagens como para o espectador. O facto de vir rotulado de terror pode levar o espectador desprevenido a pensar em sangue e sustos fáceis. Se for isso que procura vai dar o tempo e o dinheiro por mal gastos pois, se algo próximo disso existe no filme,  surge apenas no final e por alguns minutos. É certo que a estranheza da situação coloca o espectador numa posição de vigilância permanente, mas tal não impede que encontre muitos momentos divertidos, próprios de uma comédia de enganos.

Marga (Cristina Brondo) é uma executiva arrogante que ao tentar arrendar uma casa, devido à falta de escrúpulos, acaba por ser apanhada no meio de um perigoso ritual de uma seita. O enredo em que é lançada é potenciado pela sua impetuosidade e ilusão de que controla os acontecimentos, o que é divertidamente aproveitado pelos outros personagens. O comportamento de Marga chega a roçar o desprezível levando o espectador a pouco se importar com a sua sorte e a relativizar as acções dos membros da seita. O elenco é dominado por um bom naipe de actrizes, com destaque para Cristina Brondo, uma mulher à beira de um ataque de nervos, e Mirella Pascual, uma deliciosa e intrometida vizinha. Por vezes, ambas nos lembram Pedro Almodovar e o papel que dá às mulheres na organização dramática. Outra das referências que pairam sobre o filme é The House of the Devil de Ti West, tanto no tema como na forma como conduz a narrativa.  Tal como no filme de West, a dupla de realizadores de Penumbra vai cozendo muito lentamente a história até um surpreendente climax.

Depois de ter sido um dos destaques do Fantastic Fest, esta produção argentina foi lançada este mês nas salas de cinema e em VOD nos Estados Unidos, onde  está a ter uma boa recepção critica. Poderíamos pensar que apenas o cinema de autor estrangeiro teria algum destaque nos Estados Unidos mas este filme é a prova de que nem sempre é assim que acontece. A limitação de recursos financeiros e o facto de vir de um país que não pertence aos grandes centros de produção não é razão para se ficar pela qualidade indigente característica de grande parte dos filmes portugueses dirigidos ao grande público. //

Italians Do It Better - Parte 2











































Candy, Chromatics (Kill for Love, Italians Do It Better, 2012)



E o que dizer de Kill for Love, o último longa duração dos Chromatics. A primeira amostra do álbum, o tema Kill for Love lançado em Outubro de 2011, revelara-se pouco entusiasmante. O título, a letra e a voz de Ruth Radelet mantinham-nos perto do universo dos Chromatics, mas a guitarra, muito presente no tema, ameaçava aproximar-se de territórios dos Joy Division. Por outro lado, o período que mediara entre este álbum e o anterior, Night Drive (2007), fora longo e proporcionara o aparecimento de vários clones da banda que lançaram álbuns estimáveis e obtiveram sucesso mediático dentro dos circuitos mais alternativos da pop. Ainda no ano passado tivemos Xander Harris com o óptimo Urban Gothic (Not Not Fun). Nesse intervalo de tempo, tendo em conta o aspecto cinemático da música dos Chromatics, dois temas seus foram incluídos em Drive (Nicolas Winding Refn, 2011) e uma das caras da banda, Johnny Jewel, foi convidado a escrever música para o filme. O final de 2011 já tinha  marcado o ressurgimento da editora dos Chromatics, a nova-iorquina Italians Do It Better, dirigida pelo músico Mike Simonetti,  que deu início a um período de grande actividade. Em Dezembro, o projecto Symmetry, uma colaboração de Johnny Jewel com Nat Walker, lançou Themes for an Imaginary Film (Italians Do It Better), sobre o qual se especula ter sido composto a partir de temas recusados para a banda sonora de Drive. Em Março foi a vez da nova edição dos Chromatics e nos próximos meses ainda vamos poder ouvir uma nova compilação da série After Dark e um novo longa duração dos Glass Candy. No que diz respeito a Kill for Love, da sua audição integral torna-se evidente que as nossas reservas iniciais acabaram por se diluir. Por outro lado, verificamos que os Chromatics pouco mudaram e que isso não é propriamente mau.

Na maioria das bandas da editora Italians Do It Better sente-se a inspiração de dois fenómenos culturais muito populares em Itália durante as décadas de 1970 e 1980, o italo disco e o giallo. O italo disco tratava-se de música electrónica destinada à pista de dança, com particular ênfase nos sintetizadores, que na altura divertiu muita gente e revelou ao mundo pérolas de gosto discutível - entre elas Valentino Mon Amour (Alan Ross) e Tarzan Boy (Baltimora) - e outras mais apreciáveis - Happy Station (Fun Fun) ou Power Run (Laserdance). Na década de 1980, a intelligentsia musical, muito marcada pelo industrial e pelos sucedâneos dos Joy Division, se alguma convivência teve com o clima de festa do italo disco, foi envergonhada e nunca assumida. Mas o cinema italiano acabou por se apropriar do italo disco de uma forma muito produtiva. O giallo, com o seu clima de demência, absorveu o disco e criou uma forma musical muito mais sombria e propícia ao clima de terror e mistério que o género explorava. Em modelos diferentes, os Goblin e Ennio Morricone criaram paisagens sonoras surpreendentes para as inúmeras bandas sonoras que assinaram nesse período. Ainda hoje, basta ouvir a música dos Goblin em Suspiria (Dario Argento, 1977) e de Ennio Morricone em Chi l'ha vista morire? (Who Saw Her Die?, Aldo Lado, 1972) para o comprovar. As duas obras ocupam lugares cimeiros na história do giallo e para isso muito contribuíram as respectivas bandas sonoras. Se hoje, de uma forma descomplexada, pegássemos no disco italiano, tornássemos o seu ritmo mais lento e ainda lhe acrescentássemos algum do clima sombrio do giallo teríamos como resultado os Chromatics e outras bandas da editora Italians Do It Better - Glass Candy, Mirage e Farah. Não se tratam de pastiches do italo disco, mas sim de leituras que o retiram do contexto original e actualizam à luz das novas correntes da pop electrónica. Pop com sintetizadores, batidas narcóticas e uma voz  feminina sedutora que parece vinda do além para nos falar do amor, dos seus encontros e desencontros. 

Em Kill for Love encontramos os Chromatics a trabalhar dentro de um regime de risco controlado. As citações que fazem não seriam tão evidentes em 2007 mas hoje tornaram-se familiares. A abrir temos uma versão de Hey Hey, My My (Into The Black) de Neil Young, que nos lembra a remontagem de Running Up that Hill de Kate Bush, apresentada em Night Drive. Durante cerca de noventa minutos, um alinhamento de canções sofisticadas, pertencentes a um formato de pop clássica, é entrecortado por outras próximas da música ambiental, onde também é convocada a música de John Carpenter. Dir-se-ia que os instrumentais são longos e em demasia, mas são eles que, no meio do requinte, nos permitem respirar e renovar o interesse para uma nova  audição. Decididamente, o primeiro disco de 2012 para ouvir em repeat contínuo. Mas, as paisagens dos Chromatics poderão ser viciantes mas não são negras. Elas situam-se num ponto de passagem, entre o branco e o vermelho, a luz e a perdição. //



 Into the Black, Chromatics (Kill for Love, Italians Do It Better, 2012)

Opening: Assault on Precinct 13


John Carpenter é o Mestre. Qualquer apreciação que fizéssemos da sua obra daria para muitas linhas e seria sempre redutora. Aqui fica a abertura de Assault on Precinct 13 (Assalto à 13ª Esquadra, 1976), um dos filmes do seu período mais rico, lançado em Portugal em 6 de Dezembro de 1979. O seu sentido de economia está presente neste genérico extremamente simples, onde a música em leve crescendo, da autoria do próprio Carpenter, instala rapidamente o ambiente para o que vem a seguir.  //


Assault on Precinct 13 (John Carpenter, 1976)

Italians Do It Better - Parte 1


Requiem for a Vampire, Pierre Raph (Finders Keepers, 2012)






















Dir-se-ia que, na Europa, a partir da década de setenta, os italianos se impuseram como os mestres incontestados do terror e do uso do excesso no cinema. Para a atribuição desse estatuto seria determinante a invenção do giallo, um género que junta crime, suspense e erotismo. Mario Bava, primeiro, e Dario Argento, depois, abriram caminho para outros realizadores italianos, criadores de fantasias oníricas que conquistaram ao longo dos anos um público numeroso que, ainda hoje, ultrapassa  as fronteiras da Europa. Na ultima década foram-lhes dedicadas edições luxuosas em DVD, que deram a conhecer ou a rever algumas das obras maiores dos mestres e também outras mais raras, acompanhadas por incisivas notas críticas que contextualizavam as obras e analisavam a sua herança. Se toda a divulgação e reconhecimento crítico que receberam são totalmente merecidos, isso também contribuiu para ofuscar o trabalho de outros grandes autores do cinema europeu do género de terror. Um desses casos é o do francês Jean Rollin. Filho do Maio de 68, dividiu a sua produção entre o cinema de terror, com forte componente erótica, e o porno assumido, juntando nos seus filmes criadores irreverentes provenientes do underground parisiense, da música e da moda.

A editora Finders Keepers acabou de disponibilizar três edições dedicadas às bandas sonoras de Requiem for a Vampire
(Vierges et Vampires, 1971) e Fascination (1979), duas obras maiores de Jean Rollin. Tratam-se de duas edições em vinil de 10", uma para cada banda sonora, e uma terceira em CD, que junta as duas bandas sonoras. A realização destas edições é pertinente, não se dirigindo apenas aos fãs do género e inserindo-se num contexto actual de reabilitação de bandas sonoras de filmes de terror, que inspiram muita da boa música electrónica e pop actuais - Demdike Stare, Sunn O))), Salem,  Xander Harris e as bandas da editora Italians Do It Better são apenas alguns dos exemplos.

A banda sonora de Requiem for a Vampire
é composta por improvisações free-rock da responsabilidade de Pierre Raph. No filme é notável a forma como a música de Raph pontua os planos de Rollin. Num período inicial, que se prolonga por cerca de quarenta minutos, acompanhamos duas mulheres em fuga pelos campos, algures no interior da França, e , embora quase não haja diálogos, o jogo criado entre as imagens e a música nunca permite que o filme perca o fôlego. Para Fascination, Philippe D'Aram criou uma música fantasmagórica com elementos de sintetizador, serrote, drones e coros. Em alguns momentos lembra-nos a música que John Carpenter criou para os seus filmes. Ambas as bandas sonoras emancipam-se muito para além das imagens, o que as torna em marcos importantes na experimentação sonora da década de setenta e permite entender até que ponto a sua herança se manifesta na produção actual. As edições vêm acompanhadas por notas da autoria do realizador Daniel Bird.

Em entrevista à Fact, Andy Votel, um dos patrões da editora, declarou as suas intenções. "Finders Keepers is very proud to have the means to present Rollin fans with something that they’ve deserved for a long time, and we hope to open up his work to another generation of open-minded viewers, but as far as making apologies for it, or trying to justify it to the out-dated art-house ‘establishment’, well, I’m not here to do their homework". 
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Fascination, Philippe D'Aram (Finders Keepers, 2012)

The Bunny Game


3rd Aktion, Rudolf Schwarzkogler, 1965



A performance, enquanto prática artística, foi vulgarizada pela arte conceptual na década de sessenta do século passado. Através de acções do performer, que também poderiam juntar música ou poesia, os artistas respondiam à comodificação da arte, criando eventos únicos que, apesar de poderem ser repetidos, tornavam difícil a sua mercantilização. Esta prática interdisciplinar depressa se aliou ao uso da fotografia e do vídeo. Para além da exploração das suas especificidades como meio, os artistas também passaram a utilizar estas técnicas na performance como forma de arquivo e circulação. Nem sempre o artista estabelecia um plano antes da sua realização ou procurava responder às expectativas do público. O artista pretendia assim estilhaçar as convenções estabelecidas, no que diz respeito à produção e recepção da arte, estimulando o próprio público a tornar-se parte da acção. No Japão (Gutai) e na Áustria (Accionistas Vienenses), grupos de artistas dedicavam-se há algum tempo a formas radicais de performance.  Isto incluía  o uso do corpo como suporte artístico, utilizando-o em acções violentas  e extremas (sangue, mutilações e escatologia) que questionavam os seus limites e também a passividade do espectador. A influência destes artistas foi determinante para o rumo que tomou a arte produzida pelas gerações futuras.

A ideia para The Bunny Game (2010) foi sugerida pela performer Rodleen Getsic ao realizador Adam Rehmeier, a partir de acontecimentos relacionados com um rapto a que a artista tinha sido sujeita. Antes das filmagens, Rodleen Getsic empreendeu um período de preparação física e espiritual que envolveu encontros com um xamã no Peru e quarenta dias de jejum. Sem um guião pré-definido, a equipa de filmagens foi apenas constituída por Adam Rehmeier, Rodleen Getsic e um (não) actor, Jeff Renfro. O filme conta a história da prostituta The Bunny que é raptada por um camionista que a submete a uma série de torturas e humilhações violentas, sem que saibamos concretamente quais os motivos para tais acções.  Nas declarações para a apresentação pública do filme,  o realizador afirmou que durante as filmagens a actriz sofreu na pele toda a violência que vemos, sem recorrer a duplos ou a qualquer outro tipo de recurso. Perante isto, a etiqueta torture porn foi logo colada a The Bunny Game. 


The Bunny Game (Adam Rehmeier, 2010)






















Aquando da tentativa para lançar o filme em DVD no Reino Unido, o British Board of Film Classification (BBFC)  considerou ser incapaz de o classificar, mesmo que o realizador procedesse a cortes, inviabilizando assim a sua distribuição. Nos últimos anos, esta reacção do BBFC em relação a títulos provenientes de territórios do cinema de terror mais extremo não é nova. The Human Centipede 2 (Tom Six, 2011) e A Serbian Film (Srdjan Spasojevic, 2010) tiveram tratamento semelhante mas, depois de pequenos cortes, acabaram por passar na avaliação. O que é novo, pelo menos num período mais recente, é a recusa do BBFC em  classificar The Bunny Game mesmo que fosse sujeito a cortes. O argumento apresentado é que os pressupostos do filme são inaceitáveis para serem acedidos, ainda que livremente, por um adulto. Segundo o BBFC "the principal focus of The Bunny Game is the unremitting sexual and physical abuse of a helpless woman, as well as the sadistic and sexual pleasure the man derives from this. The emphasis on the woman’s nudity tends to eroticise what is shown, while aspects of the work such as the lack of explanation of the events depicted, and the stylistic treatment, may encourage some viewers to enjoy and share in the man’s callousness and the pleasure he takes in the woman’s pain and humiliation." Obviamente, encontramos aqui um excesso de zelo do BBFC na condução das directrizes que lhe são atribuídas, em que sobrepõe a sua acção à livre escolha que um adulto deve ter, entre ver ou não o filme. É verdade que a decisão se resume apenas a território britânico, mas sabemos que noutros países, incluindo Portugal, o acesso a filmes "problemáticos" é feito apenas a partir das edições inglesas ou americanas em DVD, cujas companhias acabam por fazer a distribuição para todo o mundo. Ainda assim, se com esta decisão o BBCF acabou por limitar a audiência do filme, também lhe forneceu publicidade gratuita que, de outra maneira, talvez o condenasse a um discreto lançamento directo para VOD (Video on  Demand). E ainda sem distribuição, já se nota o culto. 

Apesar da simpatia criada com The Bunny Game devido à decisão do BBCF,  consideramos que, ao contrário dos mencionados The Human Centipede e A Serbian Film,  o filme não está à altura da publicidade que lhe foi concedida. No papel, The Bunny Game tinha os ingredientes para se tornar um bom filme. O argumento intrigante, um jovem realizador com vontade de arriscar, a tensa música industrial, a impecável fotografia a preto e branco onde não nos é permitido ver a cor do sangue, e ainda dois óptimos actores. E não são os primeiros quinze minutos que deixam de corresponder às expectativas. Com uma montagem crua, acompanhamos The Bunny na sua rotina pelas estradas californianas (drogas, sexo, drogas, comida, drogas, sexo e por aí adiante). Bem cedo percebemos que algo muito mau lhe está a acontecer e suspeitamos que algo muito pior ainda está para vir. No entanto, a partir do encontro de The Bunny com Hog, o filme entra num calvário de agressões onde as estações, por tão repetitivas que se apresentam, pouco ou nada acrescentam à narrativa. Se há algo a considerar de violento no filme não são as torturas a que a protagonista é sujeita mas sim o dispositivo criado por Rehmeier que rapidamente provoca o alheamento do espectador. A sala de cinema não é a galeria de arte, nem estão em causa questões relacionadas com a recepção da obra. Na mesa de edição o realizador  desbarata todo o bom material que registara e apresenta-nos um filme que a querer testar limites, são os da paciência do espectador.

Curiosamente, The Bunny Game tem algumas semelhanças, para além do nome, com um outro filme onde  também acompanhamos o protagonista num percurso pela Califórnia. Falamos de The Brown Bunny (2003) de Vincent Gallo (também actor, produtor, realizador, editor e director de fotografia do filme). Estreado no Festival de Cannes recebeu reacções violentas por parte da crítica presente que abandonou a sala ainda antes do fim da projecção. Grande parte da celeuma relacionava-se com o blow job (aparentemente real) entre Gallo e Chloë Sevigny, que fechava o filme e que a crítica acusava de gratuito. Em The Bunny Game existe uma cena semelhante mas nos primeiros minutos do filme. Se no filme atmosférico de Gallo representava um fim de percurso, onde finalmente voltávamos a pôr os pés na terra, aqui, num dos melhores momentos do filme, é o ponto em que partimos da terra em direcção ao inferno. Depois da estreia em Cannes, Vincent Gallo remontou o filme para uma versão mais curta que recolheu os louvores da crítica que antes o tinha rejeitado.  The Bunny Game só teria a ganhar se Adam Rehmeier também o pudesse repensar. Consta que Rodleen Getsic considerou enriquecedor o exercício purificador que enfrentou em The Bunny Game. Ainda bem para ela.  //