Cowboys e Zombies


The Walking Dead (Frank Darabont, 2010– )
















Quando, no Verão de 2011, surgiram notícias que especulavam o afastamento do produtor Frank Darabont da série The Walking Dead, os seus fãs soltaram gritos de alarme. O sucesso da primeira temporada, com apenas seis episódios, tinha sabido a pouco e restrições financeiras impostas pela cadeia de televisão AMC eram apontadas como motivo para o afastamento de Darabont, também autor do admirável The Mist (2007). A AMC pretendia fazer mais com menos, ou seja menos gore e mais espaço para as personagens. No domingo passado, com a chegada do ultimo episódio da segunda temporada, podemos concluir que a aposta foi inteiramente ganha.


The Walking Dead (Frank Darabont, 2010– )

























O sucesso da primeira temporada de The Walking Dead surgiu numa altura em que a popular  série True  Blood, da cadeia concorrente HBO, acusava já algum cansaço e recorria a soluções narrativas a roçar o mirabolante. A chegada do xerife Rick Grimes e a sua entrada na apocalíptica Atlanta em cima de um cavalo, apresentava-se como um dos momentos televisivos mais emblemáticos dos últimos anos. Rick assumia a postura de um herói clássico e à cidade de Atlanta, enquanto espaço, era atribuído um papel semelhante àquele que Death Valley desempenhava num western.


 The Walking Dead (Frank Darabont, 2010– )


























O primeiro episódio da segunda temporada alcançou um número recorde de público, tendo em conta que se tratava de uma cadeia por cabo, mas o slowburning (ver próximos posts a propósito de Ti West) imposto a grande parte dos episódios acabou por criar algum desespero no espectador, mais habituado aos mecanismos clássicos do filme de terror. No entanto, isso foi largamente compensado por alguns momentos de tensão que pareciam desafiar mesmo os mais críticos. Sinal disso foi um dos principais fios narrativos do começo desta temporada: o desaparecimento de uma das personagens. A busca que se seguiu prolongou-se por um aparentemente excessivo número de episódios levando o espectador a questionar-se se o tema não estaria já esgotado.  No entanto, no sétimo episódio somos confrontados com um surpreendente desfecho que não só reconcilia o espectador com a série mas também assinala um dos seus grandes momentos. A mesma estratégia narrativa foi seguida desde esse ponto até ao final da temporada. Um conjunto de episódios com um ritmo bastante lento, abrindo espaço para o desenvolvimento das personagens, que culminava com os dois últimos episódios da temporada que se revelaram impróprios para cardíacos. Com o desaparecimento de alguns dos personagens mais emblemáticos, a dado momento questionavamo-nos se não se tratava do fim da série e até que ponto haveria nova temporada. No final, apenas por alguns momentos pudémos descansar. When there's no more room in hell, then the dead will walk the earth. Romero dixit. //

2 comentários:

Ana Oliveira disse...

Obrigada pela resposta. Por coincidência, ouvi recentemente um podcast onde se debate o caso F. Darabont versus AMC, que talvez lhe interesse:
http://www.kcrw.com/etc/programs/tb/tb131223oscar-winning_filmma
E por fim, confesso que tenho a 4.ª temporada gravada na tv, mas não tenho sentido grande curiosidade em visioná-la. Boas Festas.

there's something out there disse...

Cara Ana Oliveira,

Obrigado pelo comentário e pelo link. Gostaríamos de recomendar o visonamento urgente da 4ª temporada, mas não é caso para isso.

Entretanto, caso seja utilizadora do Facebook, e se assim o entender, pode seguir a nossa página em

https://www.facebook.com/theresomethingouthere

com actualizações regulares.

Cumprimentos e votos de um bom ano.